Quando eu descobri o rennovario, logo achei a ideia muito massa. No entanto, durante a visita (com a companhia do capitão Gleyton Araújo), me veio uma grande preocupação. Vou contar tudo a vocês: o que vi e o que conversei com Messias, Maelyson e Pedro, três das pessoas mais dedicadas à proposta. Mas quero começar dizendo o que é o rennovario.
Na descrição no site deles diz assim: “rennovario é um grupo que se reúne semanalmente com o intuito de discutir, debater e estudar assuntos sociais, religiosos e filosóficos, sob a óptica do cristianismo. Nos dedicamos à cooperação e ao crescimento intelectual e espiritual de todos”. Na prática o que acontece é que um lugar e um hora são marcados e todos são bem vindos. É um bom começo de conversa. Por falar em começo, qua tal falar em como eles começaram esse grupo que já se reúne a seis anos?
Diante da pouca abertura ao diálogo dentro das reuniões religiosas tradicionais, surgiu uma vontade de discutir mais abertamente assuntos que inquietavam. Foi então que Maelyson e alguns amigos decidiram se reunir na casa alguém. Um assunto foi escolhido para guiar a conversa: dons espirituais. Eles não exatamente falaram sobre isso, mas aconteceu a reunião. E foi acontecendo e acontece a seis anos com encontros que já chegaram a ter 80 pessoas.
No dia em fizemos a visita, existia também um tema a ser discutido. Lá, descobri que o tema não era bem algo fechado, era um início, um pretexto para as falas. Não era um roteiro. Não tinha roteiro. Era um fluxo livre de ideias guiadas por concordâncias e discordâncias. O importante era ter a liberdade de discutir sobre qualquer coisa.
O que deu pra ver também foram ideias cristãs permeando a conversa. Aí está uma das coisas mais legais: existiam ideias de religião mas não existiam os muros das igrejas. Era fé, mas era fé dentro do mundo; era ter os braços abertos para o mundo, sem fechar as portas da religião. Em tempos de extremismos, bancadas religiosas com lutas polêmica, ali eu vi um grupo que sabia lidar não só com o que acreditava mas com que os outros grupos acreditavam.
Estavam ali pessoas que seguiam e que não seguiam religiões. Dos que seguiam, tínhamos ainda assim muita diversidade. Eram pessoas de igrejas como a protestante, a metodista, batista e obreiros de Cristo. Também tinha ali pessoas de diferentes carreiras, como direito, medicina, história, psicologia, engenharia, administração, ciências contábeis e física. Além de pessoas com posições políticas muito diferentes. Maelyson ao falar disso me falou que acreditava que existiam no mundo 7 bilhões de posturas políticas diferentes, porque ninguém concorda completamente com tudo. Sempre vai haver alguma diferença. Mas todos estavam lá, juntos, conversando de tudo em uma sexta-feira à noite.
Dentro dos assuntos discutidos ao longos dos seis anos de rennovario, podemos falar de: copa do mundo, Raquel Sherazade,violência, justiça entre outros, dentro de política, sociedade e meio ambiente. Certo, agora posso falar da minha preocupação: não seria conversa demais para ações de menos?
Em outras palavras o que me incomodava era a contribuição dessas discussões já que no Imagina na Copa no interessamos tanto em botar a mão na massa. Conversando sobre algo nesse sentido com Maelyson ele me deu a luz que precisava. Ele disse que acreditava em microrrevoluções. Isso significa que uma discussão pode estar levando a mudanças dentro das pessoas que as levam a ser melhores no seu dia-a-dia. Com a conversa, a troca de ideias, o mundo ganha mais cores, traços e pode ser visto de uma forma mais completa. A partir disso fica mais fácil praticar o que está dentro de qualquer transformação social: entender o outro e a si mesmo. Pra mim a contribuição do rennovario é , através da compreensão das coisas, inspirar o amor. Amor que não é só cristão, mas algo que faz qualquer um fazer um mundo melhor em qualquer pequeno momento da vida.
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Este texto foi escrito pelos capitães Rodrigo Cavalcanti e Gleyton Araújo.
One Reply to “Rennovario: discussões e microrrevoluções” .
"Era fé, mas era fé
dentro do mundo; era ter os braços abertos para
o mundo, sem fechar as portas da religião. Em
tempos de extremismos, bancadas religiosas
com lutas polêmica, ali eu vi um grupo que sabia
lidar não só com o que acreditava mas com que
os outros grupos acreditavam."
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