“Mucha gente pequeña, en lugares pequeños, haciendo cosas pequeñas, puede cambiar el mundo.”
Mariana Almeida, 26 anos, se formou e atuou como técnica de enfermagem pelo Distrito Federal. Na sua jornada de trabalho com a saúde, ela notou que muito do trabalho que era desenvolvido não funcionava tão bem. Para Mariana, o trabalho na saúde necessita de um lado mais humano, que muitas vezes não é visto e desenvolvido nos centros de saúde do país.
Com o tempo, Mariana conheceu algumas terapias mais humanas e naturais, que faziam muito mais sentido com o seu modo de encarar a saúde e a vida.
Em um curso de acupuntura, Mariana desenvolveu um projeto de saúde para crianças e pais em uma escola, com vivências, dinâmicas, alimentação terapêutica e diversas outras atividades. Já fora do curso, Mariana percebeu que esse projeto tinha um potencial enorme, e também era muito necessário para as pessoas que não tem acesso a um sistema de saúde de qualidade.
“A galera precisa conhecer isso. E eles não tem acesso a isso. Pra eles acupuntura, por exemplo, é coisa de outro mundo, é caro, é inacessível mesmo.”

Assim, Mariana, junto com amigos que também pensam que a saúde e a educação necessita ser mais humana e coletiva, escreveu um novo projeto, e então nasceu o Eu Livre – Educação e Saúde, que busca desenvolver o ser humano por completo, nos níveis individual, social e planetário.
A ideia do Eu Livre, como explica Mariana, é difundir a cultura do cuidado e do autocuidado, na qual a pessoa possa se conhecer e cuidar de si, do outro e do ambiente de diversas formas, como na alimentação, na respiração e com exercícios, por exemplo. Esse autocuidado se dá através de terapias holísticas e saberes diversos, como homeopatia, fitoterapia, acupuntura, yoga, cultura popular, permacultura e muitas outras.
Keyane Dias, uma das educadoras do projeto, explica que a ideia do Eu Livre é propor que:
“A saúde não é algo que você busca, e sim algo que você tem e promove de forma individual e coletiva, é algo que você tem que manter. E a gente usa muito a educação popular, que é a troca de saberes. Onde a gente não tá indo lá para ministrar um conhecimento, e sim para mediar, para mostrar que todos tem algo pra passar, pra somar e pra dividir. A ideia é desmistificar e resignificar a saúde de uma forma popular, que mostre que a pessoa tem autonomia sobre ela mesma.”

Sediado em Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal, o Eu Livre está inserido no Espaço Cultural Mercado Sul, que é um coletivo colaborativo de arte, cultura e tecnologia, que desenvolve um trabalho de resistência muito importante na cidade.
O Eu Livre, desde sua fundação, em 2011, já realizou 8 eventos, impactando mais de 100 pessoas diretamente. Mas o melhor resultado, como relata Mariana, é ver as pessoas se conhecendo, se superando e se cuidando cada vez mais. O resultado está nas pessoas e não nos números.
E o sonho é ir muito além. Mariana, Keyane, Moisés, Dione e Victor, atuais educadores do Eu Livre, explicaram que o plano agora é ter um espaço mais amplo para desenvolver as atividades como empreendedores sociais. E também atuar nas escolas, trabalhando a resignificação da saúde na raiz, que são as crianças, mas atuando de forma conjunta também com pais e professores, desenvolvendo a comunidade escolar como um todo.

O Eu Livre ganha força nos sonhos e vontades de seus educadores, mas também em suas relações pessoais e no pensamento de outros mestres, como Paulo Freire, que consideram padrinho do projeto. Pensamentos e filosofias também norteiam muito o projeto, como a seguinte citação, muitas vezes atribuída a um provérbio popular:
“Mucha gente pequeña, en lugares pequeños, haciendo cosas pequeñas, puede cambiar el mundo.”
Segundo os educadores, esse pensamento guia muito do que é o projeto, pois fala de microrrevoluções, que é a forma como o projeto atua, assim como formiguinhas fazendo sua parte.
E, por fim, o pessoal do Eu Livre explica que a utopia é o que os fazem tocar o projeto. Para isso, explicam a utopia segundo uma história, contada por Eduardo Galeano. Contaram que, certa vez, Galeano estava ministrando uma palestra com um amigo, Fernando Birri, e um estudante perguntou para que servia a utopia. Então, Birri respondeu que:
“A utopia está no horizonte. Se você caminhar 10 passos, a utopia se afastará 10 passos. E quanto mais você avançar, mas a utopia vai se afastar. Então, para que serve a utopia? Pois utopia serve para isso, para caminhar.”
Para conhecer mais sobre a utopia e os passos do Eu Livre, acesse:
– Site: http://www.eulivre.com.br/
– Fanpage: https://www.facebook.com/projetoeulivre
– Mapa da Cultura: https://mapadacultura.org/entidade_equipamentos/eu-livre-educacao-e-saude
– Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=2JmQxtFYZvI&feature=player_embedded
Este texto foi escrito por: Davi Mello | Capitão do Imagina na Copa em Brasília – DF | Um eterno aprendiz. Não gosta de clichês, mas acredita num mundo melhor.