Stress, barulho, poluição do ar, horas perdidas em congestionamentos sem fim. Diante o crescente problema do tráfego de carros nas grandes cidades, a bicicleta já não deve ser mais encarada como alternativa, mas sim como solução.
Muitos dos que querem fugir do caos automobilístico tem recorrido cada vez mais às bicicletas, mas o começo nem sempre é fácil. “Será que eu consigo?” “Tem como andar na rua?” “Como começar?” – Essas são algumas perguntas que podem surgir na cabeça dos ciclistas iniciantes, e que podem ser respondidas facilmente por um Bike Anjo.
O Bike Anjo é um projeto que abriga uma rede de ciclistas experientes, que repassam conhecimentos e práticas para quem quer aprender a pedalar pelas ruas com segurança. A idéia surgiu em São Paulo, mas hoje já está em dezenas de cidades pelo Brasil, e já tem formado milhares de ciclistas urbanos no país inteiro.
E em Brasília não é diferente, como conta Jackson Pereira, voluntário do Bike Anjo na capital federal.
“O melhor do Bike Anjo é que a gente ajuda a pessoa, de certa forma, a realizar um sonho. Muitas pessoas tem há muito tempo essa vontade de pedalar, mas devido ao cotidiano ou a falta de oportunidades, a pessoa não consegue, e fica com aquilo guardado por muito tempo. Mas quando a pessoa vence barreiras, decide pedalar e a gente ajuda, isso é muito legal, é um sonho se realizando.”
Jackson conta que o Bike Anjo DF tem atividades fixas e por agendamento. Todo último domingo de cada mês acontece a Escola Bike Anjo, no Eixão do Lazer, que é uma via de carros que atravessa o Plano Piloto, mas que todo domingo é fechada para a livre circulação de pessoas. A Escola tem o objetivo de ensinar quem quer aprender a andar de bicicleta, mas nunca teve a oportunidade. Assim, durante a oficina, as pessoas que querem aprender são iniciadas em conceitos iniciais de ciclismo e principalmente na prática de pedalar, com as bicicletas disponibilizadas pelo Bike Anjo. Muitos dos que freqüentam a atividade são pessoas com mais experiência de vida, mas que nunca tiveram a experiência de pedalar, o que torna tudo ainda mais bonito e mostra que para aprender a pedalar, é só começar.
Escola Bike Anjo no Eixão do Lazer
E para quem já sabe pedalar, mas quer aprender a trafegar no trânsito, existem os agendamentos individuais. Assim, é só combinar um dia com um Bike Anjo para aprender algumas dicas de segurança, planejar rotas e o que mais for preciso.
Segundo Jackson, o benefício do Bike Anjo é para todos, tanto para quem ensina, quanto para quem aprende, e também para a sociedade como um todo. E ilustra com um caso:
“Uma vez eu tava indo para o trabalho de bicicleta e cruzei com um aluno meu na ciclovia. Lembro que ele nem sabia pedalar e agora já tava indo de bicicleta pro trabalho. É muito gratificante ver isso! Era só uma pessoa, mas vendo assim dá pra pensar na população toda andando de bike! Pode parecer meio utópico pensar assim, mas dá pra ver que é possível!”
E Jackson também fala dos outros vários benefícios que a bicicleta traz, como a melhoria na saúde física e mental, a redução de impacto no meio ambiente, um trânsito menos caótico e uma cidade mais humana. E também há benefícios na vida social do ciclista, pois Jackson conta que com a bicicleta é muito fácil fazer amigos, já que você cria uma identidade com muitos outros, que também estão pedalando por aí, tanto sozinhos quanto em grupo.
“Amizade de ciclista é igual macarrão instantâneo: fica pronta em 3 minutos!”
Ao falar de Brasília, Jackson diz que nota algo muito positivo surgindo, que é uma opção individual pela bicicleta como meio de transporte. Existe um número crescente de pessoas que querem fugir do caos do trânsito e também do transporte público, que é muito precário no DF. Mas esse número poderia ser muito maior, como acrescenta Jackson, se a cidade oferecesse uma infraestrutura de qualidade.
“O que mais me entristece é nós termos ciclovias extremamente defasadas na cidade e o governo divulgar exatamente o contrário, dizendo que temos as melhores ciclovias do país e até comparando a Copenhague, como se tivesse tudo ótimo! Quem anda todo dia pelas ciclovias sabe que não é bem assim, que elas são muito precárias, de má qualidade e que não se interligam! O problema é um governo que privilegia o empresário, e não o cidadão, por isso temos sistemas cicloviários e de transporte público tão ruins.”
Além disso, em Brasília e no Distrito Federal praticamente não existem campanhas de conscientização para a segurança do ciclista promovidas pelo governo. Cada um que anda de bicicleta pela cidade tem que fazer um trabalho de conscientização por si, se educando e tentando mostrar aos motoristas que ali, em cima da bicicleta, também existe uma vida, que tem seus direitos e merece respeito.
Ciclistas ocupando o Eixo Momunental
Com todos esses problemas apontados por Jackson, além de muitos outros, que são visíveis na cidade, nota-se que em Brasília, assim como em boa parte do país, existem ainda muitos obstáculos para que o ciclista pedale pelas ruas com dignidade. Assim, iniciativas como o Bike Anjo, que ensina e estimula quem quer pedalar com segurança, educando a partir da prática, fazem muito sentido e são cada vez mais necessárias. E também ciclistas dispostos a mudar esse quadro, que estão andando de bicicleta independente de como estejam as condições na cidade. O essencial é não esperar apenas ações oficiais do governo, é fazer a diferença por si e também pelo outro.
E, nesse sentido, Jackson finaliza, dando uma simples dica para quem, com ou sem Bike Anjo, quer começar a pedalar, mas não sabe como começar:
“Pra quem quer começar eu só diria pra comprar uma bicicleta, um capacete, uma luva e vamo nessa!”
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Para pedalar com o Bike Anjo DF, acesse:
https://www.facebook.com/pages/Bike-Anjo-DF/116575481832580
E para conhecer o Bike Anjo pelo Brasil, é só clicar em:
E assistir:
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Este texto foi escrito por: Davi Mello | Capitão do Imagina na Copa em Brasília – DF | Um eterno aprendiz. Não gosta de clichês, mas acredita num mundo melhor.